[Por Sheila Jacob-NPC] No sábado, dia 12 de janeiro, batalhões de Choque da Polícia Militar cercaram a Aldeia Maracanã, prédio que está sendo ameaçado de demolição pelo Governo do Estado do Rio para a construção de um estacionamento. Diversos apoiadores se uniram aos indígenas na resistência à intimidação dos policiais, que não tinham ordem judicial e por este motivo não puderam entrar no prédio. Na semana anterior, o Conselho Municipal de Proteção do Patrimônio Cultural havia emitido um parecer contrário à derrubada do casarão. Mas, desrespeitando a resolução do Conselho, o prefeito Eduardo Paes autorizou a demolição em despacho publicado no Diário Oficial do Município nesta segunda-feira, 14 de janeiro. No dia 15, o Conselho Nacional dos Direitos Indígenas divulgou uma nota contra a demolição do prédio.
A
medida arbitrária do Governo do Estado tem sido questionada por não ser
uma exigência da FIFA – justificativa dada inicialmente pelo governador
Sérgio Cabral. O Ministério Público entrou com recurso na Justiça para
impedir a demolição, e a Defensoria
Pública da União irá levar o caso à Comissão Interamericana de Direitos
Humanos da OEA, para denunciar a violação dos direitos. “Estamos
apelando para os organismos internacionais, para verem o absurdo que
estão fazendo com a gente por causa da Copa do Mundo. Estão sendo
tomadas medidas arbitrárias em toda cidade, que violam inclusive a
Constituição Brasileira e tratados dos quais o Brasil é signatário”,
desabafa “Ash” (Twantinsuyu Ashaninka), uma das lideranças do local. Ele
conta que não houve diálogo algum com os cerca de 150 indígenas que
vivem ali.
Muitos
deles ocuparam o prédio em 2006, após décadas de abandono do prédio que
possui grande valor histórico. Ele foi sede do Serviço de Proteção ao
Índio (SPI), criado pelo Marechal Rondon no início do século 20, e
também foi ali que funcionou o Museu do Índio, criado por Darcy Ribeiro
em 1953 e depois, em 1978, transferido para Botafogo. Há seis anos ali
vivem cerca de cem índios de diversas etnias, como Guajajara,
Guarani-Kaiowa, Tabajara, Pataxó, Ianomami e outras. “Esse
local é histórico. Por isso estamos aqui: para mostrar a importância
que ele tem para a cidade do Rio e também para divulgar nossa cultura.
Aqui é possível conhecer um pouco do nosso artesanato, pintura, dança
religiosa etc. Será uma grande perda para a gente e para a cultura desse
país a destruição desse local”, lamenta Ash.
O governo já declarou que não vai mais demolir, mesmo que atrapalhe as obras do Maracanã, o prédio do antigo museu continuará lá.
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