segunda-feira, 16 de outubro de 2017

Machismo Indígena"Na aldeia a mulher não tem voz, pois quem criam as regras são os homens"


Matriarca da família Aweti Kalapalo reclama e fala pela primeira vez  sobre o machismo exacerbado dos indígenas do Xingu.



Para quem não me conhece, sou Kanualú Aweti Nafukua, sou mulher indígena do Xingu, tenho 4 filhas e dois filhos, estou aqui para manifestar minha preocupação a vocês, por ser a mãe de 4 mulheres sofro ataques verbais diariamente dos homens indígenas do Xingu. Aqui na aldeia, a mulher não tem voz, pois quem criam as regras são os homens.
A minha preocupação de mãe me fez levar as minhas filhas para morar na cidade, pois temia que algum tipo de tragédia poderia acontecer novamente, sendo que eu já perdi uma filha.
Na cidade, elas adquiriram conhecimento dos “brancos”, sem deixar o conhecimento tradicional de lado.
Depois de anos morando em São Paulo, uma das minhas filhas, veio me visitar na aldeia. Ela se deparou com a situação precária que vivemos e quis alertar e relatar a realidade que acontece lá fora, numa reunião que estava acontecendo. Achei que eles pelo menos iam escutar a minha filha, mas não, mais uma vez sofremos ataques verbais por sermos mulheres.
Os homens indígenas, começaram a se manifestar sobre a opinião dela, falando que ela como mulher não tinha direito de falar na aldeia, pois somente os homens tem direito de falar e tomar decisões. “Aqui nesse lugar, a mulher não tem voz”, afirmou cacique.
Nos mulheres do Xingu, somos vistas como apenas objeto sexual. Por exemplo, quando a menina está na idade de 11 a 13 anos, ela é vista como roupa nova, todos querem usar e engravidar, e quando fica velha, ninguém quer mais.

Na aldeia a mulher não tem voz, ainda mais morando numa aldeia menor, pois eles menosprezam aldeias pequenas como a minha.
Estamos tentando ajudar os parentes a caminhar com seus próprios pés e lutarem pelos seus direitos.
O povo do Xingu é muito teimoso, não gosta de estudar, tem preguiça para adquirir conhecimentos e querem que os brancos cuidem deles, querem tudo pronto. 
Ninguém vai ajudar o nosso povo a vida toda, temos que estudar e ter conhecimentos para chegar a altura deles, assim teremos ferramentas para nos defender.
Quando alguém da aldeia tem interesse ou pensa diferente dos demais, é criticada, por exemplo, minhas filhas. Hoje em dia é muito importante estudar, são através disso que vamos conquistar nosso espaço.
Partes boas da nossa cultura estão sendo esquecidas, como dividir o peixe com o próximo. O que mantém são as coisas que não geram resultados, coisas ruins. 
Por isso, peço as outras mulheres que criem coragem para falar a verdade, que não se cale diante de machismo.



LINK DA TRANSMISSÃO DO DEPOIMENTO DA DONA KANUALÚ:
https://www.facebook.com/samantha.aweti/videos/vb.100002102430725/1478562482223819/?type=3&theater

Kapaí Kalapalo0:16 #Tradução 

Um comentário:

  1. Isso é muito impactante para ler. Deus criou todas as pessoas, homens e mulheres, à Sua imagem, para refletir Sua glória. Ele fez homens fortes para levantar mulheres e conduzi-las a todo o seu potencial. Os homens não podem abusar de sua força para oprimir as mulheres.

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